sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Célula de combustível volta ao mercado com o novo Honda FCX Clarity

23-11-07
O pioneiro carro com células de combustível a ser comercializado no mundo foi o Honda FCX, que, em junho de 2005, foi para as mãos de Jon e Sandy Spallino, californianos. Os pioneiros, entretanto, devem ter enfrentado um bocado de dificuldades, como a falta de locais para reabastecimento, o desempenho mediano (apenas 109 cv para 1.680 kg, o que dava um 0 a 100 km/h na casa dos 13 s, para mais, e máxima de 150 km/h) e a falta de espaço. Afinal, para padrões norte-americanos, o FCX, com seus 4,17 m de comprimento, é considerado minúsculo. Tudo isso mudou com o novo FCX Clarity, um modelo no estilo do Civic e que, para alegria dos ambientalistas e vidrados em tecnologia, também começa a ser vendido em breve.
O Clarity, para começar, tem 4,84 m de comprimento, com apenas 1,47 m de altura e 1,85 m de largura, o que o torna um sedã longo, largo e baixo, descrição tipicamente esportiva. Seu peso, de 1.625 kg, é menor que o do primeiro FCX. Seu motor, por outro lado, rende 136 cv, potência próxima à do motor 1,8-litro do Civic nacional, mas o torque, de 256 Nm, deve torná-lo um veículo muito divertido de acelerar. A máxima é contida, mas mais do que suficiente para qualquer estrada regular do mundo (exclua apenas as autobahnen): 160 km/h.
Essa melhoria significativa em relação ao predecessor aconteceu devido a novas baterias de íons de lítio, 40% mais leves e 50% menores, e a um conjunto motriz, que inclui as pilhas a combustível, 45% menor (equivalente, segundo a Honda, a um sistema híbrido), o que significou uma economia de peso de 181 kg. E olha que o tanque, para 171 l de hidrogênio, é 10% maior que o anterior! E ele não é nada leve: consegue suportar 5.000 psi de pressão, algo como 344 bar ou 352 kg/cm².
O desenho aerodinâmico, os pneus de baixa resistência à rolagem e outros fatores o tornaram muito mais econômico que o FCX de 2005 (exatos 20%). Com autonomia de 434 km em ciclo misto, ele percorre 2,5 km para cada litro de hidrogênio. Como este gás tem poder calorífico muito menor que o da gasolina, isso equivaleria, se ele fosse movido a gasolina, a cerca de 30 km/l, segundo a Honda. Para um carro de quase 5 m, é um índice muito bom e prova que a as pilhas são muito mais eficientes de um ponto de vista energético.
O conforto é maximizado pelo entreeixos de 2,80 m, mas só há espaço para quatro passageiros, o que se explica pela localização das células, no túnel central do veículo. O tanque de hidrogênio também cobra seu preço e deixa para o porta-malas a capacidade ínfima de 311 l, menor que a do Honda Civic, ainda que menos passível de crítica. Tecnologia, afinal de contas, justifica muita coisa.
Vendas ao público
O preço de uma novidade assim, como se pode imaginar, não é baixo, mas os californianos, ricos e preocupados com o ambiente, até topariam pagar mais para estimular o desenvolvimento destes novos veículos, como o Venturi Astrolab já demonstrou.
O caso é que o Clarity será vendido por contratos de leasing de três anos, a US$ 600 mensais, pouco mais de R$ 1.000, valor da prestação de muito financiamento no Brasil de hoje. E de carros comuns, diga-se. Detalhe: o valor mensal já inclui manutenção e seguro contra colisões.
O número de clientes que poderão comprar o Clarity será limitado e privilegiado (pode esperar por estrelas de Hollywood atrás do automóvel), mas o número de unidades ainda não foi definido. O primeiro interessado convidado a ter o carro o receberá em meados do ano que vem.
Como estímulo ao uso de hidrogênio, o governo da Califórnia já vem dotando diversos locais do estado com postos de reabastecimento de hidrogênio. A Honda, que não é boba nem nada, informa onde eles estão com o sistema de navegação do Clarity.
Para manter o bicho em bom estado, basta levá-lo a qualquer concessionária da Honda. A medida, que visa o bem-estar dos clientes, é uma grande sacada: do revendedor, o carro é levado ao centro de reparos específico para os modelos com pilhas a combustível e, quando os reparos são terminados, ele é devolvido à mesma revenda, onde seu dono pode retirá-lo com a mesma comodidade.
Igualzinho ao Brasil...

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